Dr. Rodrigo Yunes

Radiculopatia: saiba tudo

Radiculopatia, uma condição que afeta as raízes nervosas da coluna, pode causar dor intensa, fraqueza e alterações sensoriais, impactando significativamente a qualidade de vida. Se não tratada adequadamente, pode evoluir para problemas crônicos. 

O que é Radiculopatia?

Radiculopatia é uma condição neurológica caracterizada pela compressão ou irritação de uma ou mais raízes nervosas da coluna vertebral. Essas raízes nervosas são os pontos onde os nervos saem da medula espinhal e se ramificam para diferentes partes do corpo. Quando uma raiz nervosa é afetada, isso pode causar sintomas ao longo do trajeto do nervo.

Quais os sintomas de Radiculopatia?

Os sintomas da Radiculopatia podem variar dependendo da localização e da gravidade da compressão nervosa. Os principais sintomas são:

  • Dor:
    • Geralmente o sintoma mais proeminente.
    • Pode ser aguda, lancinante ou em queimação.
    • Irradia ao longo do trajeto do nervo afetado (por exemplo, do pescoço para o braço ou da lombar para a perna).
  • Parestesia:
    • Sensações anormais como formigamento, dormência ou “alfinetadas e agulhadas”.
  • Fraqueza Muscular:
    • Pode afetar os músculos inervados pela raiz nervosa comprimida.
    • Varia de leve a severa, podendo causar dificuldades em movimentos específicos.
  • Alterações nos Reflexos:
    • Reflexos tendinosos profundos podem estar diminuídos ou ausentes na área afetada.
  • Alterações Sensoriais:
    • Diminuição da sensibilidade ao toque, temperatura ou pressão na área afetada.
  • Sintomas Posturais:
    • A dor pode piorar com certos movimentos ou posições.
    • Alívio dos sintomas ao mudar de posição é comum.
  • Claudicação Neurogênica:
    • Na radiculopatia lombar, pode haver dor ao caminhar, aliviada ao sentar ou inclinar-se para frente.
  • Disfunção Autonômica:
    • Em casos raros, pode haver alterações na sudorese ou temperatura da pele na área afetada.
  • Atrofia Muscular:
    • Em casos crônicos ou severos, pode ocorrer perda de massa muscular na área afetada.
  • Alterações na Marcha:
    • Especialmente em radiculopatias lombares, pode haver mudanças no padrão de caminhada.
  • Sintomas Cervicais Específicos:
    • Na radiculopatia cervical, pode haver dor no pescoço irradiando para o ombro, braço ou mão.
  • Sintomas Lombares Específicos:
    • Na radiculopatia lombar, a dor pode irradiar da lombar para as nádegas, perna ou pé (ciática).

É importante notar que os sintomas podem variar em intensidade e combinação. Alguns pacientes podem experimentar apenas um ou dois sintomas, enquanto outros podem ter uma gama mais ampla de manifestações.

Quais as causas de Radiculopatia?

A Radiculopatia pode ser causada por diversas condições que afetam as raízes nervosas da coluna vertebral. As causas mais comuns são:

  • Hérnia de Disco,
  • Estenose Espinhal,
  • Espondilose,
  • Espondilolistese,
  • Trauma,
  • Tumores (neoplasias da coluna vertebral ou metástases podem comprimir as raízes nervosas),
  • Infecções (discites, osteomielites ou abscessos epidurais podem afetar as raízes nervosas),
  • Doenças Inflamatórias (condições como artrite reumatoide ou espondilite anquilosante podem afetar a coluna e as raízes nervosas),
  • Neuropatia Diabética (embora não seja uma causa direta, pode exacerbar os sintomas de radiculopatia),
  • Cistos Sinoviais (formações císticas nas articulações facetárias que podem comprimir raízes nervosas),
  • Fibrose Epidural (cicatrização excessiva após cirurgia de coluna, podendo comprimir raízes nervosas),
  • Alterações Posturais (escoliose ou hiperlordose severas podem levar à compressão nervosa),

É importante ressaltar que, muitas vezes, a Radiculopatia pode ser resultado de uma combinação desses fatores. 

Quais os tipos de Radiculopatia?

  • Radiculopatia Cervical: Afeta as raízes nervosas na região do pescoço (coluna cervical);
  • Radiculopatia Torácica: Menos comum, afeta as raízes nervosas na região do tórax (coluna torácica);
  • Radiculopatia Lombar: Afeta as raízes nervosas na região lombar (parte inferior das costas);
  • Radiculopatia Sacral: Afeta as raízes nervosas na região sacral (base da coluna);
  • Radiculopatia Multissegmentar: Envolve múltiplas raízes nervosas em diferentes níveis da coluna;
  • Radiculopatia Aguda: Tem início súbito e, geralmente, dura menos de 6 semanas;
  • Radiculopatia Crônica: Os sintomas persistem por mais de 12 semanas. Pode ser resultado de uma radiculopatia aguda não resolvida ou desenvolver-se gradualmente.

Lombociatalgia tem cura?

A Radiculopatia pode ter cura, mas isso depende de vários fatores, incluindo a causa subjacente e se é aguda ou crônica.

Na Radiculopatia aguda, as chances de cura completa são geralmente boas. Com tratamento adequado, a solução total dos sintomas costuma ocorrer em em algumas semanas ou meses.

Na Radiculopatia crônica, não há cura definitiva, e o tratamento foca na redução da dor e melhoria da função.  

Quais os tratamentos para Radiculopatia?

Tratamento para Radiculopatia Aguda

O tratamento visa ao alívio da dor e redução da inflamação.

  • Repouso Relativo:
    • Curtos períodos de repouso para aliviar a inflamação inicial.
    • Evitar atividades que exacerbem os sintomas.
  • Medicamentos:
    • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para reduzir inflamação e dor.
    • Analgésicos para controle da dor.
    • Relaxantes musculares em casos de espasmo muscular associado.
  • Fisioterapia:
    • Inicialmente focada em modalidades passivas como aplicação de gelo ou calor.
    • Progressão gradual para exercícios leves de alongamento e fortalecimento.
  • Terapia Manual:
    • Manipulações suaves e mobilizações para melhorar a função articular.
  • Injeções Epidurais de Corticosteroides:
    • Para casos mais severos ou que não respondem ao tratamento inicial.
    • Visam reduzir a inflamação ao redor da raiz nervosa.
  • Educação do Paciente:
    • Orientações sobre postura e ergonomia.
    • Técnicas de auto-cuidado.

Tratamento para Radiculopatia Crônica

A Radiculopatia crônica pode exigir uma abordagem de tratamento mais abrangente e contínua.

  • Programa de Exercícios Estruturado:
    • Fisioterapia intensiva focada em fortalecimento, flexibilidade e estabilização da coluna.
    • Exercícios aeróbicos de baixo impacto.
  • Medicamentos de Longo Prazo:
    • AINEs em doses menores para uso prolongado.
    • Medicamentos para dor neuropática (como gabapentina ou pregabalina).
    • Antidepressivos em baixas doses para manejo da dor crônica.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental:
    • Para lidar com aspectos psicológicos da dor crônica.
  • Acupuntura:
    • Pode oferecer alívio sintomático em alguns casos.
  • Técnicas de Neuromodulação:
    • Estimulação Elétrica Transcutânea do Nervo (TENS).
    • Em casos selecionados, estimulação da medula espinhal.
  • Programas de Reabilitação Multidisciplinar:
    • Abordagem integrada envolvendo fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia.
  • Injeções:
  • Radiofrequência Pulsada:
    • Para casos refratários, pode oferecer alívio da dor a médio prazo.
  • Cirurgia:
    • Considerada em casos que não respondem ao tratamento conservador.
    • Opções incluem discectomia, laminectomia, foraminotomia ou fusão espinhal, dependendo da causa subjacente.
  • Terapias Complementares:
    • Yoga, Pilates ou Tai Chi adaptados podem ser benéficos.
  • Manejo do Estilo de Vida:
    • Controle de peso, cessação do tabagismo, ergonomia no trabalho.
  • Dispositivos de Suporte:
    • Colares cervicais ou cintas lombares para uso temporário.

É importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado. O que funciona para um paciente pode não ser eficaz para outro. A abordagem deve ser gradual, começando com opções menos invasivas e progredindo conforme necessário.

A chave para o sucesso no tratamento da Radiculopatia, seja aguda ou crônica, é a avaliação contínua e o ajuste do plano de tratamento conforme a resposta do paciente. Em muitos casos, uma combinação de diferentes modalidades terapêuticas oferece os melhores resultados.

Qual o CID para Radiculopatia?

Os códigos CID mais comumente usados para Radiculopatia são:

M54.1 – Radiculopatia (geral para Radiculopatia, sem especificar a região da coluna afetada),

M54.16 – Radiculopatia lombar

M54.17 – Radiculopatia lombossacra

M54.12 – Radiculopatia cervical

M54.13 – Radiculopatia cervicotorácica

Perguntas frequentes

Radiculopatia é incapacitante? Aposenta?

A Radiculopatia pode ser incapacitante em alguns casos, mas isso varia muito de paciente para paciente. A gravidade dos sintomas e o impacto na vida diária e profissional determinam o grau de incapacidade. Em casos leves a moderados, muitos indivíduos conseguem manter suas atividades normais com tratamento adequado. Casos mais graves podem levar a limitações significativas.

A aposentadoria por invalidez é considerada apenas em casos extremos, onde há incapacidade permanente e total, e todas as opções de tratamento e readaptação foram esgotadas.

Radiculopatia Axonal: o que é?

Radiculopatia axonal é uma forma específica e mais grave de Radiculopatia. Envolve um dano mais profundo e potencialmente permanente à raiz nervosa, afetando especificamente os axônios dos neurônios. Os axônios são as longas extensões das células nervosas responsáveis pela transmissão dos sinais elétricos.

O que é Radiculopatia Braquial?

Radiculopatia braquial é um tipo específico de Radiculopatia que afeta as raízes nervosas que formam o plexo braquial. O plexo braquial é uma rede de nervos que controla os movimentos e sensações do ombro, braço e mão. Esta condição é particularmente importante devido ao seu impacto nos membros superiores. 

O que é Radiculopatia Bilateral?

A Radiculopatia bilateral é uma condição em que as raízes nervosas são afetadas em ambos os lados da coluna vertebral simultaneamente, no mesmo nível ou não. Esta forma de Radiculopatia é particularmente importante devido à sua complexidade e potencial impacto mais amplo na função do paciente. 

A Radiculopatia, embora desafiadora, é uma condição gerenciável com o tratamento adequado. O diagnóstico precoce e o tratamento apropriado são cruciais para prevenir a progressão para casos crônicos. Com o avanço contínuo das técnicas médicas e uma compreensão mais profunda da condição, o prognóstico para pacientes com Radiculopatia continua melhorando, permitindo que muitos retornem a uma vida ativa e produtiva, mesmo em casos anteriormente considerados incapacitantes.

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Referências:

Cervicalgia, Discopatia Degenerativa, Doenças da coluna, Dor na coluna, Espondilolistese, Estenose do canal vertebral, Hérnia de disco, Lombalgia, Nervo Ciático